21 de março de 2009

"PROJETO SALITRE" 5

Patrocínio se prepara para uma nova Era de desenvolvimento amplo e de vida longa.

Patrocínio vai entrar na Era da mineração, com aumento de arrecadação e geração de empregos e renda.

Patrocínio aguarda a mineração com bastante expectativa. Exploradas serão suas minas de fosfato, em Salitre de Minas, pela Fosfertil.

O setor mineral será, a partir de sua implantação, uma das principais atividades econômicas do município.

Mas, mesmo diante de um projeto tão grandioso, que levará nosso município ao desenvolvimento, não podemos perder de vista o cuidado com o meio ambiente e com o aspecto social.

A implantação do “PROJETO SALITRE” trará, além de empregos, o aumento da arrecadação de impostos e toda a propaganda que em cima disso fazem e farão.

Mas tem como contrapartida os impactos ambientais gerados nas áreas exploradas. E os impactos sociais, pela migração, causando inchaço nos arredores da sede do município (mormente no distrito de Salitre de Minas), que jamais será o mesmo.

E, incontestavelmente, nosso município carece de infra-estrutura para suportar impactos de grande magnitude.

Impactos que se refletem na rede pública de saúde e escolar, na carência de moradias, insuficientes para atender, de imediato, tão expressiva e radical demanda.

Impactos na infra-estrutura urbana: saneamento básico, energia, manutenção e pavimentação das vias, isso tudo sem falar em transporte e no aumento de outras mazelas, como prostituição e drogas etc. Progresso tem preço. E esse preço é alto.

A cafeicultura se estabeleceu em nosso município há tantos anos e até hoje não criamos uma infra-estrutura adequada para ela.

De onde você, leitor(a), acha que veio toda essa insegurança, essa criminalidade, essa demanda por moradia, estes bairros criados “nas coxas”, esse tantão de gente que amanheceu aí da noite para o dia e que também desaparece do dia para a noite?

Pode responder sem pensar: da cafeicultura... Tudo é decorrência de uma cultura que emprega um período do ano e deixa às soltas os “forasteiros” a maior parte do tempo.

Do ponto de vista estratégico, Patrocínio está em posição geográfica privilegiada. É um município pólo.

Mas há aspectos negativos, e o principal já foi citado: falta infra-estrutura. E, pior: para este tipo de empreendimento estamos totalmente despreparados no que diz respeito à mão-de-obra. A melhor que temos a oferecer, nesse momento, é a braçal.

Lideranças inteligentes de outros municípios e Estados brasileiros que receberam a mineração, já concluíram que, para desenvolver as várias regiões, a mineração precisa agregar valor à produção e propiciar investimentos em outros ramos da economia.

A sustentabilidade do município não pode ficar comprometida. Há que ser um desenvolvimento durável.

Por isso é importantíssimo que a Fosfertil crie e mantenha todo um complexo em nosso município. Que não seja só extrair nosso produto e levá-lo para beneficiamento em Uberaba. A complexa planta química precisa ficar em Patrocínio. A Fosfertil precisa criar condições de formar, preparar, manter atualizada e empregar, no perímetro de Patrocínio, tirante os cargos de PhD's, toda mão-de-obra de que precisar.

E, infelizmente, pode se perceber com nitidez que os homens nativos (os patrocinenses) que estão à frente, liderando toda essa discussão não estão, ainda, bem preparados para tal. Claro que querem a Fosfertil estabelecida aí. Quem não quer?

Mas a Fosfertil planejou durante anos e anos sua chegada. E é duro ter que constatar que nos pegou de calças curtas, de calças na mão. Porque até hoje, nossa prefeitura que há anos tem uma secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico, até hoje não tem sequer um planejamento de prioridades, tanto reivindicatórias quanto de infra-estrutura, caso a Fosfertil realmente viesse, como sempre alardeou.

Não houve um investimento do município quanto às demandas. Não se preparou ninguém para falar de igual para igual a linguagem da mineração, para conhecer experiências de outros municípios como Tapira, Patos de Minas e, principalmente, Araxá e Uberaba.

Agora, afoitos, desesperados, ansiosos, nossos líderes ocupantes eventuais do poder correm contra o tempo, atrás do prejuízo. Vão aprendendo na ‘tora’. Os atuais líderes (excluindo-se o Fausto Amaral) já tiveram, anteriormente, 8 anos para preparar todo o terreno. E nada. Não conseguiram nem aprender o bê-a-bá do negócio.

O que aprenderam, por exemplo, sobre royalties da atividade?

Que estudo há (não da Fosfertil), elaborado pela municipalidade, acerca de todos os impactos positivos e negativos, a curto, médio e longo prazos? São tantas perguntas que poderiam ser feitas aqui... Mas não há sequer um grupo de estudos, um conselho municipal voltado exclusivamente para o tema.

Ampliem esse debate, senhores! Está lá no site da Fosfertil, com todas as letras, que todas as áreas da empresa, sem exceções, estão envolvidas com o "PROJETO SALITRE", que conta com a participação de vários especialistas, como geólogos, engenheiros e técnicos de minas, mecânicos, eletricistas, técnicos de segurança no trabalho e ambiental, economistas, contabilistas, advogados, especialistas em recursos humanos, comunicação, informática, transportes, logística, comercialização, administrativo e outros”.

Enquanto isso, nós... (Desculpem-me por incluir-me entre vocês. Mas saibam, também, que só me admito nessa remotíssima hipótese apenas porque amo tanto nossa Patrocínio e por pressentir, por temer que, para nossa cidade, mais uma vez, o ‘ônus talvez seja maior que o bônus’).

Nos entristece muito, de verdade, saber que, convenhamos, com esse time que formaram desde janeiro de 2009 para jogar esse jogo de Copa do Mundo, não há ninguém sintonizado na mesma onda. E a onda do momento, senhores, é o advento da chegada da Fosfertil. Esqueçam todo o resto, parem de ficar correndo daqui para lá e melindrando-se por qualquer coisinha. Concentrem-se na Fosfertil.

Muito nos admira o prefeito e o vice-prefeito deixarem que um ex-prefeito, depois de ter ficado dois mandatos andando em círculos, volte e assuma a rodada de entendimentos e negociações sobre a vinda da mineradora...

Desculpem-me, mas assim fica fácil demais para a empresa que já chega preparada, ciente do tesouro incomensurável que tem nas mãos.

Desde a década de 70 que as grandes mineradoras conhecem todo o nosso potencial mineral. Hoje fosfato, amanhã titânio. Patrocínio também conhecia, mas ‘só de ouvir falar’, na base do ‘achismo’. Nunca se soube de uma única ação que nos colocasse na dianteira na hora de sentar para conversar, olho no olho.

O “PROJETO SALITRE” é de uma riqueza, senhores... Ouso dizer que suas vãs sabedorias são incapazes de alcançar tal dimensão.

Repito: não se mostrem tão aflitos e apressados assim. Fiquem tranquilos. O interesse de Patrocínio é grandioso, é imperativo, é crucial, é tudo... Pode ser a salvação da lavoura. Mas, para a Fosfertil o “PROJETO SALITRE” são milhões de lavouras comprando, dependendo de sua salvação. Coloquem 50% de interesse de parte a parte. E se interessem mais por nossa parte.

A vinda da Fosfertil não é obra nem ação de uma administração somente. A Fosfertil chegará pelas mãos dos atuais mandatários por conseqüência. Porque a empresa concluiu que este é o momento; que a Unidade de Uberaba, depois de receber milhões em investimentos está pronta para receber o fosfato extraído em Patrocínio. E é fato consumado.

Mas como chegou a hora e a hora é essa, sejam responsáveis quanto aos pleitos de Patrocínio. O “PROJETO SALITRE” possibilitará cem anos de exploração. A decisão dos senhores no presente momento refletirá por um século adiante. E como diz o ditado, o combinado não é caro.

Combinem tudo direitinho. Ponham a cabeça para funcionar. Queimem ao máximo, não desperdicem fosfato. Por que não elaboram um "PROTOCOLO DE INTENÇÕES" e o assinam lá em Belo Horizonte, com testemunho do governo do Estado, como a Fosfertil fez com Uberaba?

Sinceramente respondam: para a posssível elaboração de tal documento, os senhores já têm em mente o que reivindicar como essencial, prioritário e duradouro em defesa dos interesses fundamentais e fundamentados de nosso município?

Eu sei que não deve ser fácil para os senhores ficarem lendo estas febris linhas, “escritas por um Flávio qualquer”, “quem ele pensa que é?”, "o que ele entende sobre isso?" (comentários como estes, feitos no interior do Palácio dos Leões já chegaram aos nossos ouvidos, e entraram por um e saíram por outro).

Ah, somos interessados. Somos perdigueiros na pesquisa, no aprofundamento... Ninguém nasce sabendo, não é mesmo? Mas pode-se aprender e tentar explicar, passar para o público leitor o que conseguir apurar, captar, o aprendido, entendido e compreendido, enfim...

Tolerem, senhores! Porque muitas linhas ainda virão. Em desdobramentos. Pelo menos assim abrimos um canal de debate. De modo simples, simplório, chamem como quiserem. Mas adoramos este solo. E é deste solo que será extraída tamanha riqueza.

O ‘ônus talvez não pode ser maior que o bônus’. Patrocínio não suporta e não comporta mais isso.

E como nesse time que os senhores formaram, desde janeiro de 2009, para jogar esse jogo de Copa do Mundo, não se vislumbra ninguém para marcar gols de placa, eu, como muitos outros (tenho certeza), me disponho (já me propus por livre e espontânea vontade), com meus modestos textos, a ser um mero ‘gandula’.

Os senhores estão em campo e estão com a bola. E o tanto que eu escrevo não cabe no limite de quatro linhas...